As temperaturas abaixo das médias históricas na primavera prejudicaram os resultados das varejistas de moda no terceiro trimestre deste ano. A fabricante de calçados Grendene e a C&A esperam que a chegada do calor amenize parte das vendas não realizadas.
A diretoria da Lojas Renner comentou o impacto das temperaturas em sua teleconferência de resultados. Os números do segundo trimestre foram beneficiados pelo outono mais frio que o habitual, o que antecipou as compras. Por outro lado, o prolongamento das temperaturas mais baixas também afetou a troca de coleção na primavera.
As vendas mesmas lojas (SSS) da Renner avançaram 7,9% no terceiro trimestre, enquanto no segundo trimestre o índice foi de 37,8%. Já a receita líquida de varejo somou R$ 2,61 bilhões no último trimestre, avanço de 10,3% em relação ao mesmo período de 2021, enquanto a receita do segundo trimestre havia saltado 40,6%, para R$ 3,17 bilhões.
O diretor financeiro da C&A, Milton Lucato Filho, também ressaltou o impacto da coleção de primavera-verão da companhia. Lucato, porém, destacou que a chegada do alto verão pode compensar parte das vendas não realizadas na coleção de transição. Durante a teleconferência de resultados da C&A, o executivo destacou a chegada das férias escolares e alta temporada do turismo.
A receita líquida de mercadorias da C&A cresceu 3,4% no comparativo ao terceiro trimestre de 2021, para R$ 1,41 bilhão. Já o indicador de vendas mesmas lojas (SSS) ficou estável, após um salto de 21% no mesmo trimestre do ano passado.
Os efeitos da questão climática já vinham sendo apontados por analistas de mercado. O Citi, considerando as projeções dos resultados do terceiro trimestre, rebaixou a recomendação para as ações da C&A de compra para neutra.
Em relatório divulgado no último dia 3, o Citi antecipava que o crescimento de vendas aconteceria em ritmo menor que no segundo trimestre deste ano em razão das temperaturas mais baixas.
No segundo trimestre, as vendas mesmas lojas (SSS) da C&A cresceram 34,2%, enquanto a receita líquida de mercadorias avançou 38,5%, para R$ 1,57 bilhão.
Para os analistas, o frio seria um dos obstáculos às coleções de primavera. A média de temperatura de setembro na cidade de São Paulo foi 3,8º C abaixo da média histórica, enquanto no Rio de Janeiro a média foi 2,3 ºC abaixo do habitual. Os dados consideram o período entre 2017 e 2021.
Já nas regiões Norte e Nordeste, de acordo com os dados do Citi, as temperaturas médias ficaram dentro das tendências registradas entre 2017 e 2021.
O diretor de relações com investidores da Guararapes, Frederico Oldani, destaca que nas duas regiões as vendas estão em patamar satisfatório. “Isso reforça o quanto a nossa coleção está correta, e que depois que a temperatura voltar para os seus patamares normais realmente vai ter evolução das vendas”, afirma.
Essa também é a visão da fabricante de calçados Grendene. A receita líquida da companhia, cujo portfólio é formado majoritariamente por calçados abertos, cresceu 6,3% no terceiro trimestre deste ano, alcançando R$ 713,9 milhões. A receita havia somado R$ 671,5 milhões no terceiro trimestre de 2021, ganho de 6,4% em relação ao período anterior.
O volume total de pares avançou 0,7%, para 44,3 milhões, enquanto o tíquete médio por par passou de R$ 18,61 para R$ 20,52 no comparativo trimestral, alta de 10,4%.
O diretor financeiro da Grendene, Alceu Albuquerque, afirma que o prolongamento do frio, somado à piora das condições macroeconômicas e maior pessimismo do consumidor, levou os varejistas a adiarem a reposição de estoques.
“Estamos entrando na temporada de verão e os varejistas deveriam estar com estoque elevado, mas o fator clima tem atrapalhado no Sul e no Sudeste. Novembro teve previsão de geada em Santa Catarina pela primeira vez na história, o calor tá demorando bastante pra chegar”, afirmou em entrevista ao Valor.
Por: Valor Econômico
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