CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO

Conta de luz eleva custos no comércio e causa baixa na decoração de Natal

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eflexo da crise hídrica, a conta de luz mais cara é um desafio adicional para o varejo no Natal deste ano, segundo analistas e empresários.

É que, além de elevar a inflação para o consumidor, as tarifas mais altas de energia elétrica aumentam os custos de operação para os lojistas, que apostam na data para aquecer as vendas. Às vésperas do Natal, lojas e shoppings costumam funcionar com horário ampliado, o que exige um consumo maior de eletricidade.

O presidente da Acia (Associação Comercial e Industrial de Araçatuba), Wilson Marinho, disse à Folha da Região que não ouviu nenhuma preocupação com a situação por parte dos empresários. “Mas as luzes de natal não são o mais importante, é mais um chamarisco, porém se o aumento de energia por conta do pisca pisca for um impedimento, o comerciante tem muita criatividade, ele irá encontrar uma outra forma de decorar seu estabelecimento.”

Se tiver menos luz de natal nas ruas, ele destaca que não irá atrapalhar em nada as vendas. “O movimento noturno pode até mudar um pouco, mas as pessoas precisam comprar”, salienta.

A espera pela alta nas vendas em Araçatuba é boa, segundo o presidente, o que deve ficar entre 10% a 20%. “Ficamos muito tempo fechados e, no natal todos compram um presente para as crianças. Brinquedos e calçados devem ter um aumento de 20%.”

RESIDÊNCIAS

Outro ponto destacado pelo especialista é se as casas irão receber muitas luzes também. A caixa Elza Lopes diz que esse ano não terá tanto pisca pisca em sua casa, mais decoração de natal. “A luz em casa já vem muito alta, com esse aumento dos últimos meses fica difícil enfeitar minha casa como nos outros anos”, conta.

Para manter a tradição e não perder o espírito natalino, ela vai fazer alguns enfeites em artesanato, como bonecos de Papai Noel, entre outros. “O importante, para mim, é estar junto com minha família e comemorar a data especial.”

ESPECIALISTA

“A pressão da energia traz dois impactos. O primeiro é a redução no poder de compra do consumidor com a energia mais cara e a subida da inflação”, aponta o economista Fabio Bentes, da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

“O segundo efeito é de custo. A energia tem peso bastante significativo para determinados segmentos do comércio”, emenda.

Segundo Bentes, a luz representa, em média, 7,6% das despesas de operação no varejo.

Em hipermercados e supermercados, a marca sobe para 10,4%, devido ao uso de equipamentos para refrigeração de produtos. Esse percentual fica ainda maior e beira os 20% no caso de mercados e armazéns de pequeno porte, indica o economista.

Ao longo deste ano, a energia ficou mais cara em razão da crise hídrica no Brasil.

A escassez de chuva força o acionamento de usinas térmicas, o que aumenta os custos para geração de eletricidade. O reflexo é a conta mais alta para empresas e consumidores.

No cálculo do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a energia elétrica residencial acumula alta de 19,13% no ano, até outubro, e disparada de 30,27% em 12 meses.

A luz é uma das principais responsáveis pela escalada do índice oficial de inflação do Brasil. O IPCA chegou a 10,67% em 12 meses, até outubro, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Os shoppings também preparam decorações e apostam no Natal para aquecer os negócios. Apesar da pressão de custos, os estabelecimentos não vão abandonar as luzes e os enfeites da data, relata o diretor institucional da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), Luís Augusto Ildefonso.

Segundo ele, a decoração de Natal é um investimento que funciona para levar mais público até os centros comerciais.

Em tempos de energia mais cara, o gasto com as luzes natalinas até deve ser maior, mas o principal impacto é o do consumo para manter as lojas abertas por mais tempo, relata o dirigente.

“O Natal é a melhor época do ano para os shoppings. Então, o investimento em decoração tem retorno quase garantido.”

“É claro que isso pode gerar um acréscimo na conta de luz, mas é menor, bem menos significativo, se comparado ao custo da energia para receber mais pessoas e deixar as lojas abertas por mais tempo”, acrescenta.

Empresas especializadas começaram, até antes do Dia das Crianças, a enviar decorações natalinas para centros de compras de todas as regiões do Brasil. Empreendimentos na América Latina e na África chegaram a fazer encomendas.

Diretor do Sindilojas-SP (Sindicato do Comércio Varejista e Lojista do Comércio de São Paulo), Aldo Macri vai na mesma linha. Ele também cita o desafio da inflação mais alta, que atinge consumidores e empresários.

Nesse cenário, os lojistas vêm tentando reduzir custos de operação, inclusive de energia, diz o dirigente.

“A gente apaga uma luz aqui, outra ali, tem essa preocupação.”

Macri projeta uma alta de 2% a 2,5% nas vendas do Natal de 2021, frente a 2020, no comércio de São Paulo. Na visão do dirigente, o crescimento é contido pelas dificuldades que permanecem no cenário econômico.

Em setembro, a CNC estimou alta de 3,8% nas vendas natalinas no país, em 2021, na comparação com o ano passado. Mas a pressão inflacionária tende a provocar uma revisão para baixo na previsão, que deve ficar entre 3% e 3,5%, conforme Fabio Bentes, economista da entidade.

Fonte: Folha da Região

Imagem: Freepik

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