CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO

Assimetrias nas análises do varejo podem ser corrigidas com números do 2º tri

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Nas próximas semanas, a percepção dos analistas em relação a real situação das cadeias varejistas pode mudar, com a divulgação dos dados do segundo trimestre, e eventuais distorções em preços podem ser identificadas e ajustadas.

Relatórios de equipes de análises de bancos vêm citando essa questão nas últimas semanas, por conta das recentes mudanças no cenário econômico — algo que ainda não está completamente refletido nos modelos dos analistas pela atual falta de visibilidade da situação das redes.

Nos últimos meses, o ritmo de expansão no comércio eletrônico perdeu força, chegando a registrar retração em abril e maio, como o Valor noticiou no último dia 11, mas a velocidade de crescimento da demanda em segmentos de alta renda se acelerou.

Em relatório dias atrás, Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday, analistas da XP, entendem que uma das principais preocupações de investidores hoje está no “valuation” das cadeias varejistas — e se esse valor não está distorcido por estimativas desatualizadas e que não estariam refletindo o atual ambiente macroeconômico.

“Fizemos algumas análises sobre valuation para mapear assimetrias, com nomes de alta qualidade sendo favorecidos, liquidez sendo uma preocupação importante do mercado, e desvalorização sendo vista globalmente no setor”, escreveram eles.

A expectativa é que o mercado, com os números do último trimestre, projete com mais clareza o cenário de caixa no curto e médio prazos e situação de liquidez das empresas, por exemplo, já que, nos últimos meses, é possível que esses indicadores tenham sido mais pressionados em determinados negócios que consomem caixa, como no comércio on-line e em mídia digital.

As equipes de análises de Credit Suisse, BTG e XP, por exemplo, entendem que, a partir de agosto, quando começam as divulgações de resultados trimestrais das empresas de consumo e varejo, será um período de números mistos, mas com tendência de desempenho semelhante ao primeiro trimestre.

Destaques positivos devem ser atacarejo, farmácias e redes que atendem alta renda, enquanto o setor de comércio eletrônico deve continuar a registrar uma desaceleração de crescimento e prejuízo líquido.

Shoppings no Sudeste reagem
O cenário que se viu na pandemia no setor de shopping centers, em termos de desempenho regional, parece superado de acordo com dados atuais e projeções de entidades do setor.

Números que têm sido divulgados pela Abrasce, a associação dos shoppings, mostra que os Estados da região Sudeste recuperaram ritmo de expansão nas vendas no país, voltando a liderar o ritmo de crescimento desse mercado, após uma retomada mais lenta entre 2020 e 2021.

As lojas dos shopping no Brasil registraram um crescimento médio de 24% nas vendas no mês de maio, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo o Índice Cielo de Varejo em Shopping Centers (ICVS-Abrasce), divulgado na sexta-feira. Do ponto de vista regional, o Sudeste foi o destaque no intervalo.

As localidades que mais se destacaram, com crescimento das vendas acima da média nacional foram Sudeste (26,6%) e Nordeste (25,6%). Na região Centro-Oeste, a elevação ficou em 23,3%, no Sul, em 17,2% e no Norte, alcançou 11,7%.

Há ainda um certo efeito da base de comparação menor, já que o consumo nos empreendimentos na região se recuperou mais lentamente em 2021, do que no Norte, por exemplo. Só que a Abrasce entende que há também um impacto de retomada do consumo nesses Estados. A previsão é que o Sudeste continue liderando as taxas de crescimento desse ranking nacional por região do país na segunda metade do ano.

Apenas nos cinco primeiros meses do ano, o comércio dos shoppings acumula uma alta de 39,7% em relação ao mesmo período de 2021.

Efeito Ásia na moda on-line
Os varejistas de moda vêm enfrentando um cenário mais concorrido no varejo on-line, mostram os últimos relatórios sobre downloads dos aplicativos das marcas. No Brasil, normalmente os consumidores baixam os “apps” quando querem pesquisar algo para compra e depois os deletam — pelas limitações de memória dos celulares —, por isso acaba sendo um indicador acompanhado pelo mercado.

Relatório da equipe de análise do banco UBS, enviado a clientes na sexta-feira, mostra que as plataformas estrangeiras Shein e a AliExpress, fortes na venda dessas categorias, têm liderado a busca por aplicativos entre os consumidores, enquanto as cadeias brasileiras perdem a preferência.

Os dados mostram que, se no primeiro trimestre a AliExpress terminou o período com uma participação no total de downloads de 4,7%, em junho a taxa foi a 5,6%. Na chinesa Shein, a fatia dentro do bolo total de aplicativos baixados pulou de 45% para 52,5% no período.

Em um ano e meio, desde o início de 2021 até a metade de 2022, a Shein teve a alta mais relevante, de 30% da preferência de downloads para os 52,5%.

A Renner caiu de 8,2% para 7,5%; na Riachuelo ficou estável, de 5,5% para 5,4%; e na Marisa diminuiu, de 5,9% para 3,3%.

O avanço das plataformas estrangeiras no país devem ser um dos tópicos das discussões nas teleconferências das varejistas de vestuário de capital aberto relativas ao período de abril a junho, em parte pelos anúncios recentes de investimento em logística por algumas dessas empresas.

 

 

Por: Valor Econômico
Crédito imagem: Freepik

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