CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO

Brasileiro está muito seletivo, diz Vulcabras

Compartilhe essa publicação:

Depois de aumentar lucro e receita em 2021, a fabricante de calçados esportivos Vulcabras poderá fazer ajustes no portfólio para lidar com um cenário de consumo mais fraco e o bolso mais apertado do brasileiro.

“Dependendo da atividade econômica no país vamos ter que intensificar a produção de calçados mais econômicos”, diz Pedro Bartelle, presidente executivo da companhia, que tem Olympikus, Under Armour e Mizuno como marcas. “Estamos dentro do planejado, mas temos flexibilidade de nos adaptarmos a qualquer cenário.”

A vantagem competitiva do grupo, segundo o CEO, é seu portfólio diverso. Enquanto a Olympikus oferece também opções mais acessíveis, Mizuno e Under Armour vêm atender demandas de produtos para alta performance esportiva. Em 2021, por exemplo, foram lançados novos modelos de Under Armour da linha HOVR, com o preço do par partindo de quase R$ 500 e incluindo até mesmo chips com GPS para traçar a rota de corrida ou caminhada.

“O brasileiro está muito seletivo, buscando um produto com custo-benefício. Ele não compra vários pares, mas um que possa usar no dia a dia também”, disse Bartelle.

Em todo 2021, a empresa viu seu lucro líquido saltar 896,2%, para R$ 313,8 milhões. A receita foi 58,3% maior do que um ano antes, somando R$ 1,18 bilhão. E houve crescimento mesmo versus 2019, quando o lucro líquido foi de R$ 143 milhões. Esse resultado, diz Bartelle, foi impulsionado pela estratégia de focar no mundo esportivo.

Em 2020, a marca de sapatos femininos Azaleia foi licenciada para a Grendene e em fevereiro do ano passado a Vulcabras assumiu a operação da Mizuno, antes pertencente à Alpargatas no Brasil. “Estamos realmente um pouco fora da curva [do setor calçadista]”, diz o executivo. A empresa vendeu 17,5 mil pares de calçados esportivos, 35,6% a mais do queem 2021 – no período, a produção da indústria de calçados cresceu 6,2%.

“Nosso crescimento vem de dois fatores: chegada da Mizuno e decisão de não desmobilizar as operações durante a pandemia.”

O bom desempenho em 2021, incluindo os últimos meses do ano, quando pelo terceiro trimestre consecutivo a companhia teve recorde de faturamento, somando R$ 730 milhões, faz o CEO mostrar-se otimista com este ano. “Vendemos com certa antecedência e nossas carteiras estão bastante boas”, acrescenta ele.

Para atender a demanda crescente, a empresa está investindo R$ 120 milhões para ampliar em 7 mil m2 e modernizar sua fábrica de Horizonte (CE). A expectativa é de que as obras sejam entregues no fim d março. “Com esse investimento temos mais de 20% de aumento de capacidade produtiva.” No ano passado, a empresa já havia investido em um centro de distribuição em Extrema, no sul de Minas Gerais, para atender suas operações de varejo on-line, braço cujas vendas cresceram 81% no quarto trimestre.

A pressão na linha de custos, no entanto, existe. Depois de alguma indicação de melhora nos preços, as matérias-primas voltaram a encarecer mais intensamente no fim do ano e engataram novo ritmo de alta com a cadeia de suprimentos ameaçada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. “Não estamos em um céu de brigadeiro e terá, sim, uma pressão no aumento de custos. Mas, de certa maneira, acho que os preços já aumentaram bastante. Pode haver aumentos atrelados a petróleo, mas os custos já vinham sendo repassados e deveriam se manter por um período.”

 

 

Por: Valor Econômico
Crédito imagem: Freepik

Rolar para cima